Tudo isto é Fado

segunda-feira, outubro 31, 2005

Eles nunca mentem!

"O secretário de estado que vá mentir para outro lado. Que seja incompetente já o sabemos, agora que seja aldrabão e minta com quantos dentes tem na boca, isso não permitiremos.
secretário de Estado adjunto da Educação, Jorge Pedreira, afirmou hoje a disponibilidade do Ministério para negociar com os professores que marcaram uma greve e manifestação nacional para o dia 18 de Novembro.
A greve e manifestação juntam, pela primeira vez, as três organizações sindicais dos professores: a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) e o Sindicato Nacional e Democrático dos Professores (SINDEP).
Após uma reunião entre representantes da Fenprof e uma equipa do Ministério, o Secretário de Estado adjunto da Educação afirmou que a tutela não vê razões para essa jornada de luta, porque «sempre existiu disponibilidade para negociar» por parte do Governo.
«Esperemos que não se chegue a essa situação [de greve e manifestação]. Encaramos com tranquilidade, mas com atenção, o desenrolar do processo negocial», disse Jorge Pedreira.
Na reunião de hoje ficou marcado um próximo encontro para dia 11 de Novembro, no qual os sindicatos deverão apresentar propostas concretas relativamente a três questões: melhoria da aplicação da reorganização da componente não lectiva e o alargamento do horário escolar do 1º ciclo, relativas aos planos de recuperação para combate ao insucesso escolar e também, à forma de compensação aos professores pelo aumento da idade da reforma.
O Ministério da Educação, por seu turno, comprometeu-se a apresentar, na reunião de dia 11, um documento com as linhas gerais orientadoras do novo concurso de colocação de professores, cujas regras deverão entrar em vigor no próximo ano lectivo.
A Agência Lusa tentou contactar representantes da Fenprof, o que não foi possível em tempo útil."
Palavras para quê? Vamos ver....

domingo, outubro 30, 2005

A liberdade


O infinito é o limite

A Gaivota


Nada como um belo espelho, ainda que seja castanho

Voa....voa....


Hoje, uma particular tristeza invadiu o meu coração. Sei que é a saudade, as lembranças boas, mas que de longuinquas se tornam dolorosas. Lembro aquele rapazito aloirado, de olhar sagaz, mochila às costas, aflito para ir para a escola pela primeira vez. O susto e ao mesmo tempo o entusiasmo, a foto que não fui capaz de deixar de fazer, tudo! De repente tudo volta ao meu pensamento e o meu coração sangra, pela alegria vivida, mas perdida, que, como tudo o que te diz respeito, deixou angustia porque tu te foste e, irremediavelmente, não voltas e o tempo parou aí. Não consigo imaginar-te hoje, vejo-te sempre como da última vez. É como se me tivessem roubado o direito a uma parte de mim mesma que ainda não tinha tido tempo de florir. a tristeza invade-me e só pelo sonho a consigo atenuar.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Informação

Alguns amigos passaram por aqui e disseram que não viram nenhum texto sobre o dia dos professores. Acontece que, à medida que eu vou colocando textos e fotografias, os mais antigos deixam de estar visíveis, mas continuam no blog. Assim para lerem e comentarem o meu texto sobre a actual situação dos professores basta clicar em outubro e aparece todo o material disponível e claro o tal texto.
Aproveito também para informar que há uma petição online feita por professores independentes, sem partidarismos, nem sindicatos - a classe pela classe. Quem concordar com esta petição pode assiná-la, sendo ou não professor. Vamos a isso, unamo-nos "pela verdade, pela dignidade e pelo respeito da profissão docente".
Algumas pessoas têm comentado os meus textos e gostaria de entrar em contacto com elas, porém não consigo o e-mail, apesar de estarem identificadas. Como eu queria poder falar-lhes, já que sentimos de forma similar.
Um abraço a todos

segunda-feira, outubro 17, 2005

Pôr do Sol


Fim de tarde na praia num dia de trovoada! Fiquei fascinada!

O mar

Nada é mais infinitamente belo!

domingo, outubro 16, 2005

A rosa

Que as rosas perfumem os nosso dias menos ensoleirados!

O mar e a paciência

Gosto muito do mar. Tanto que chego a identificar-me com ele e a ter inveja da sua força e da sua invencibilidade.
Hoje estava com as minhas dores de cabeça e fui ver o mar. Uma vez mais a atracção surgiu de forma inevitável.
Pensei em como o mar é multifacetado e a sua diversidade tão bem se aplica aos diversos estados de alma, pelo menos aos meus.
Paradoxalmente adoro ver o mar zangado tipo leoa ferida que luta pelo seu filhote. Mesmo todo revolto e cinzento a sensação de liberdade é indescritível, e aí eu invejo-o pois ele tem essa possibilidade que a mim raramente me é dada: reagir e vencer! Ainda que cinzento, ainda que parecendo gemer e ao mesmo tempo gritar é como se ele lutasse pela vida com a energia que, por vezes, me falta embora eu revele alguns laivos, mas que não passam disso.
Também gosto do mar calmo quando se veste de azul. Aí ele é carinhoso, sensual, delicado capaz de se envolver e de nos envolver de forma completa e absoluta e faz-nos sentir a vida de forma muito intensa.
Gosto de o ver assim, gosto de me meter nas suas águas e senti-lo, de me desnudar e sentir em todo o meu corpo a frescura da sua água e firmeza do seu contacto, é como que um sussurro a dizer-nos que é bom estarmos vivos, que é bom viver a vida. E é nessas alturas que me fico a observar o pôr do sol no mar. É muito bonito é como se o sol devagarinho se fosse encolhendo no colo do mar, como que pedindo: "- deixa-me aportar e descansar um pouco!". E ao mesmo tempo é como se o mar lhe respondesse: "- Vem, dorme sossegado que eu velarei por ti!"
Depois por vezes veste-se de verde, e gosto muito de olhá-lo e brincar com ele nessas ocasiões, pois fica tão transparente que podemos observar a areia branca e fina. Nessas alturas ele parece-me alguém muito sábio, alguém que teve a paciência de viver e aprender com a vida. Talvez por isso sinto-me muito pequenita perto de tamanha sabedoria e de tão grande beleza. Jamais serei uma pessoa sábia a minha emotividade irá sempre impedir-me de racionalizar as coisas, por isso invejo o mar, ele é paciente e ensina a sua lição de vida transmitindo-a a quem o quiser ouvir entender e sobretudo olhá-lo nos mistérios da sua profundeza.
Não sou paciente, aliás, durante anos ensinaram-me que a paciência era uma virtude e uma qualidade a desenvolver. Detenho-me a meditar sobre o que é ter paciência e em que moldes a palavra é usada e então verifico que nem é virtude, nem tão pouco qualidade a desenvolver. Pergunto-me quais os motivos que levam as pessoas a usá-la e fico perplexa com as descobertas. Quando um filho se porta mal e de alguma forma nos envergonha a cara, na generalidade, as pessoas dizem : " Tem que ter paciência!" Se um pobre nos pede uma esmola e não nos disponibilizamos para lha dar, não raramente, usamos a expressão. " Tenha paciência!" Quando nos morre alguém, que era precioso para nós, quantas e quantas pessoas nos dizem que a única solução é resignarmo-nos usando a famigerada expressão. " Tenha paciência" ou ainda quando de alguma forma nos vemos limitados nas nossas capacidades físicas há sempre alguém que, para nos consolar, nos receita a tão famosa expressão " Tenha paciência, podia ser bem pior!"
Pois bem, depois de tanta paciência, de ter feito da minha vida um exercício de paciência e de ter tentado desenvolvê-la de forma abissal acabei por perdê-la por inteiro ao dar-me conta que a paciência é usada, a maioria das vezes, em casos sem solução, em situações em que nada havendo a fazer se clama pela paciência para preencher o vazio de um desejo que se orienta para um qualquer sentido, dada a incapacidade de resolver os problemas sérios e graves que a vida nos apresenta.
Por isso tudo eu amo o mar porque ele tem as duas facetas ora é paciente e se ri até dos que duvidam da sua força ou então fica tão enraivecido que a única solução é deixá-lo beber a sua própria ira e aqui para nós, que ninguém nos ouve, haverá coisa melhor do que expressar a ira, a revolta e a raiva que cá vai dentro de nós?

quinta-feira, outubro 13, 2005

Uma fotografia


Adoro fazer fotografia e ontem fui até ao paredão, na Barra, e fiz algumas interessantes. Uma é esta que vou tentar colocar aqui.

quarta-feira, outubro 12, 2005

Quando eu era menina

Quando eu era menina rezava o terço na cozinha de minha avó, sentada numa cadeirinha que existia para esse fim.
Quando eu era menina corria pelos campos em flores e deliciava-me com os seus perfumes.
Quando eu era menina ensinaram-me que tinha um anjo da guarda que me protegia de todas as coisas más.
Quando eu era menina ensinaram-me que o Salazar era um ditador que perseguia, prendia e torturava inocentes que eu amava, como o meu avô e os meus tios.
Quando eu era menina brincava às casinhas e com bonecas, vestindo-as com roupas feitas por mim e pela minha mãe.
Quando eu era menina gostava da andar à chuva para depois receber os afagos quentes de minha mãe.
Quando eu era menina o meu pai ensinou-me a olhar as estrelas e a dar-lhes nomes.
Quando eu era menina todas as coisas estavam certas e eram inquestionáveis.

Quando deixei de ser menina o Salazar caiu duma cadeira abaixo e morreu, mas foi substituído pelo Marcelo Caetano, que continuou a perseguir, a prender e a torturar aqueles que eu amava.
Quando deixei de ser menina acreditava que a religião era o ópio do povo e que Deus só existia para superar as dificuldades daqueles que Nele acreditavam.
Quando deixei de ser menina acreditava que a sociedade sem classes seria um paraíso a que todos tinham direito.
Quando deixei de ser menina continuei a cumprir os desígnios de meus pais para comigo.
Quando eu deixei de ser menina acreditava que havia um príncipe encantado que seria capaz de fazer a minha felicidade.
Quando deixei de ser menina aprendi que valia a pena viver e ir à luta.


Quando me tornei mulher descobri que todas as revoluções acabam por se revestir de opressão.
Quando me tornei mulher descobri que não há príncipes encantados, apenas homens cheios de defeitos, insensibilidade incapazes de um diálogo adulto.
Quando me tornei mulher percebi finalmente todos os valores que me tinham incutido.
Quando me tornei mulher descobri que a vida é uma longa caminhada solitária.
Quando me tornei mulher descobri que o amor é apenas uma evasão ao sofrimento do quotidiano.
Quando me tornei mulher aprendi a chorar de noite e a sorrir de dia.
Quando me tornei mulher descobri o meu corpo e a minha sensualidade.
Quando me tornei mulher aprendi que o amor maior era aquele que devotava aos meus filhos.

Agora mulher adulta descobri que só se encontra Deus depois de muito se brigar com Ele.
Agora mulher adulta o sol fugiu e a noite envolveu a minha vida.
Agora mulher adulta, caminhando solitariamente pelos caminhos da vida, compreendi que não vale a pena perguntar o porquê das coisas ou dos acontecimentos.
Agora mulher adulta perdi o sonho e a esperança.


Agora, a algum tempo de descobrir as respostas para as quais o meu espírito não encontra solução, apetecia-me pedir à minha mãe que me abrisse a porta de nansinho e me deixasse aportar, para que me despisse desta vida e pudesse assim encontrar a paz e a harmonia que a dor não me permite viver.

Esclarecimento

Bom dia a todos os que por aqui têm passado, passam e passarão.
Quando me decidi a criar um blog a ideia foi essencialmente poder expressar os meus sentimentos, face à vida, à política e à poesia que a vida ainda pode ter. Não sou nem nunca serei política. Sinto-me revoltada porque qualquer ser, minimamente, atento, percebe que tudo anda mal neste reino da Dinamarca. Nuca fui política e nunca o serei! Desde pequenita que percebi que a política era uma máquina gingantesca trituradora de boas intenções e devoradora de ingénuos. Por tudo isto sempre mantive a distância razoável de tais matérias, só que agora as coisas tornaram-se insustentáveis e eu vejo-me a reclamar de todos os atroplelos de que me sinto alvo.
Ao criar este blog quis que este espaço fosse acima de tudo democrático, onde cada um pudesse expressar a sua opinião, sem qualquer tipo de censura, por isso qualquer um, mesmo um anónimo pequenino, só gente menor escreve sobre anonimato,( todos os anónimos que têm escrito aqui são amigos e conhecidos que deixam algum sinal para que os identifique) pode colocar aqui a sua opinião. Realmente não consigo deixar de dizer que, pelo menos aqui, podem pôr comentários até menos próprios, o que não acontece por exemplo no blog do Dr. Alberto Souto que não admite comentários. Diferenças realmente de noção de democracia!
Não quero que este blog se torne pequenino como quem cá deixa comentários que são baixo nível. Por exemplo, escrever que eu tenho a memória curta é de facto não saber o que é ter a memória curta. Quisera eu ter memória curta para assim esquecer toda a maldade de que fui alvo e sobretudo a intolerância e os julgamentos que me fizeram, ( e continuam a fazer) sem poder nem dizer uma palavra em minha defesa. Não esqueço não! Tenho memória de elefante, infelizmente para mim! Acredite carríssimo(a)!!! Adorava esquecer tanta coisa!!! Mas infelizmente há factos na nossa vida que deixam cicatrizes e cada vez que as olhamos tudo vem à lembrança. Que eu saiba é humano reagir contra aqueles que de alguma forma nos oprimiram! Bom escrevam o que quiserem assiste-me o direito de apagar se entender que se excederam.
Vou continuar atenta ao mundo que me rodeia já ontem saiu uma notícia a falar em aulas de recuperação. Não vou comentar vou simplesmente esperar, embora saiba, à partida, que vai ser uma enorme confusão, visto que, quem manda as leis cá para fora desconhece as escolas. Mas antes de falar é mesmo melhor esperar pelo que aí vem.
Abraço Amigo

segunda-feira, outubro 10, 2005

Eleições em Aveiro

Ontem fomos às urnas e elegemos quem muito bem quisemos. Espantosamente, o PS perdeu em larga escala. O PSD ganhou, mas este partido é como o PS. Diz-se que, nestas eleições, os candidatos pesam mais nas escolhas do eleitorado. Será? É que, quando penso na Fátima Felgueiras, no Valentim Loureiro ou no Isaltino Morais, fico arrepiada, já que se trata de cidadãos a contas com a justiça. Que raio de país é este que permite que indíviduos sem escrúpulos, com processos judiciais sejam candidatos? O desagrado pelas medidas assumidas por este governo é enorme, daí que, de alguma forma, as pessoas tivessem necessidade de mostrar um cartão vermelho. E fizeram-no.
Pelo que me toca, fiquei feliz com os resultados em Aveiro. A intolerância, a petulância e a jactância pelos vistos foram sentidas por uma maioria da população aveirense que disse não ao Dr. Miranda, que Souto era o avô dele. Estou com todos os que de alguma forma tinham razão para lhe dizer não. Não é viável pactuar com políticos arrogantes, que se consideram superiores ao resto da população, que não respeitam aqueles que o elegem e que brincam nas costas dos eleitores. Mais ainda quando simplesmente ignoram os que de algum modo foram seus companheiros de infância e lhe aturaram coisas que, muitas vezes, nem aos nossos irmãos aturamos. A dívida da Câmara Municipal de Aveiro é imensa. Fala-se em 20 orçamentos para pagar o que se deve, sem se projectar ou fazer mais nada. 20 orçamentos é obra! O que num primeiro mandato parecia bom senso e responsabilidade, revelou-se num abuso de poder no segundo mandato. O caricato é que, apesar de estar rodeado de arquitectos, não raramente o Dr. Miranda dizia que queria as coisas à maneira dele e... como quem mandava era ele, assim se fazia. Infelizmente assisti a empreiteiros cujas dívidas ultrapassavam a possibilidade de sobreviverem e a quem o Sr. Presidente não recebia, não dirigia a palavra, nem dava qualquer solução. Foi pena! Havia criatividade, mas depois a vaidade levou-o por caminhos sem retorno.
Os meus sentimentos Dr. Miranda.

domingo, outubro 09, 2005

Eleições Autarquicas

Não consigo entender nada do que se passa neste país. O Partido Socialista, aquele que mais regalias socias retirou a todos os portugueses, está aí, de cabeça bem erguida, a lutar pelos seus autarcas. Não percebo como é que gente honesta ainda está ligada a este partido! Aliás a política está, a cada dia que passa, menos séria e menos credível, num país, que agoniza às mãos daqueles que lutam pelos seus interesses pessoais, cuja sede de poder ultrapassa tudo o que seria razoável, que mentem ao ingénuo do Zé Povinho, a quem muito prometem e a quem nada cumprem, e uma classe média, que todos os dias corre o risco de desaparecer. Como entender, mesmo assim, a ida às urnas e a colocação do tão desejado voto? Por mim tudo isto é mau, mau demais para ser verdade. O meu desencanto e a minha decepção levam-me a ir votar nulo. Nada mais posso fazer, não quero contribuir para a eleição de políticos sem valor, sem princíipios morais, capazes de julgarem o eleitorado como meras peças duma engrenagem, que serve apenas para os manter ou colocar no pleno uso do poder. Queria muito mais dos políticos portugueses. Queria acima de tudo honestidade e decência no desempenho das suas funções, que as pessoas não fossem julgadas e condenadas por esses políticos sem escrúpulos, enfim, liricamente, direi que, do meu ponto de vista, queria decência e honestidade. Os partidos Socialista e Social Democrata são irmãos gémeos do mesmo óvulo. Todos aqueles que reactivamente votaram no PSD, estão a votar de novo no PS e isso é de lamentar porque mantêm assim o mesmo estado de imoralidade e de falta absoluta de valores.
Mas o que fazer? Nada! Nada porque não surge uma luz ao fundo túnel. Não há esperança de melhoria do estado da nação. Terei de dar razão aos anarquistas que diziam ser o voto o último acto livre do cidadão, que, ao votarmos, estamos a eleger nos nossos futuros algozes. E tudo isto é certo, tudo isto é verdadeiro, num país, onde Fátimas Felgueiras, Isaltinos de Morais, Valentins Loureiros e afins ganham com maiorias expressivas, está visto que valores e princípios não incomodam os eleitores.
Quem sabe, algum dia a educação e consciência do eleitorado o leve a votar em quem o defenda, e esqueça os electrodomésticos e as promessas falsas que lhes são oferecidos, em troca dos seus votos. Quem sabe num longínquo, mas possível dia, os eleitores, que devem favores a autarcas corruptos possam votar livremente sem fazerem apologias dolorosas, que acabam por violentar os seus princípios, quem sabe?

sexta-feira, outubro 07, 2005

Ainda por cima!

À saída das comemorações do 5 de Outubro nos Paços do Concelho, em Lisboa, e questionado pelos jornalistas sobre as várias greves convocadas por diferentes sectores, Sócrates considerou que a «conflitualidade social é normal numa democracia».
«Há uma conflitualidade social relativamente às medidas do Governo muito abaixo do que seria de esperar em Portugal», sublinhou o primeiro-ministro.
José Sócrates lamentou que em Portugal «haja pouco o hábito de considerar a conflitualidade social como normal» e comparou a situação do país com a que se vive em França.
«Se olharmos para França, com o Governo a fazer muito menos que o Governo português, são muito maiores as manifestações», disse, numa alusão à jornada de contestação ocorrida terça-feira naquele país, que levou cerca de um milhão de pessoas à rua, segundo os organizadores.
Pois é!!!! Eu é que tenho razão, somos um povo de brandos costumes e um rebanho de gente amedrontada!!!! Eles até se riem de nós, eles, os iluminados! Não há paciência! É preciso ser muito cara de pau!!!! TIREM-ME DESTE FIIIIIIIIIIIILMEEEEEEEEEEE! É mau demais para ser verdade!!!!!

quinta-feira, outubro 06, 2005

Ser Professor

Quando apresentei o meu relatório crítico e porque gosto de poesia, fiz a conclusão de forma muito singela. Aproveito para a transcrever aqui.

Ser professor é ser actor e seu próprio espectador.
É descobrir que as dificuldades são tantas vezes
E somente:
Trabalho fora da escola,
Um pai violento que bate,
Ou a comida que falta.
Ser professor é ser capaz de sorrir ainda que sem vontade,
É enxugar as lágrimas porque o menino um berlinde perdeu
Ou a avó morreu....
E é ficar rouca,
Afónica,
E com dor de cabeça.
Mas também é alegria
E fantasia,
Emoção e energia,
Criatividade e sonho,
E muita... muita magia!
Ser professor é ser sempre menino:
Saber cantar e dançar,
Saber olhar as estrelas,
E ser capaz de com o arco-íris falar.
Também é conhecimento:
Livros cadernos e lápis.
E quando menino se vai,
A mágoa não vale a pena!
Porque sabemos
Que com ele,
Vai um pedacinho de nós
Na construção
Do homem do amanhã.

Um abraço a todos os professores deste país e o meu obrigada pelo esforço e dedicação.

quarta-feira, outubro 05, 2005

Dia do Professor

Hoje, dia do professor, não poderei calar a indignação, a revolta e a dor que sinto dentro de mim. Retiraram-me direitos, transformaram-me em alguém desmotivado, irritado, que trabalha, pela primeira vez, porque precisa de receber um vencimento ao fim do mês. Não mais irei dar horas à escola, não mais irei debruçar-me sobre as impossibilidades dos meus alunos, jamais procurarei encontrar soluções para a ajuda necessária para transporem o insucesso. O governo decretou, cumpra-se! Todos os decretos e leis que nos impuserem têm de ser cumpridos, mas não podem decretar dentro das nossas cabeças nem nos nossos corações. Mudanças são necessárias, atropelos à dignidade, não! Ficar 28 horas dentro de escolas a desempenhar papel de animador cultural ou de preceptora não faz parte das minhas habilitações. Sinto-me desanimada, cansada e ainda agora estamos no início do ano. Olho os meus colegas na sala de professores e vejo o desalento estampado nos seus rostos, muitas vezes queremos uma cadeira para nos sentarmos e não existe, de repente a sala dos professores tornou-se demasiado pequena para tanta gente. Pergunto-me por que motivo todas estas mudanças foram feitas, desta forma, sem, ao menos, verificarem se era possível uma, tão profunda, alteração no sistema, se as escolas tinham as condições necessárias para tal. O vazio instalou-se dentro de nós, estas atitudes do quero, posso e mando, dos nossos actuais governantes, conseguiram, numa simples semana, destruir a motivação e o empenho a milhares de professores! Grande serviço prestado a esta sociedade, sim senhor!
Não posso deixar de referir que, nós somos meros agentes do ensino aprendizagem e que, enquanto os alunos e os seus encarregados de educação não forem responsabilizados, neste processo, jamais poderemos obter o tão almejado sucesso. Esta sociedade está doente! Os valores deixaram de existir, os pais preocupam-se que os filhos passem de ano, mas não têm tempo para lhes dar a atenção que eles necessitam, e tão importante ao seu equilibrado desenvolvimento, nem tão pouco os motivam para a escola. Diz-se que na Finlândia, nos Estados Unidos as coisas são diferentes. E são! Por exemplo, nos Estados Unidos todos os erros cometidos pelos filhos são responsabilidade dos pais, que podem até ser presos de acordo com a gravidade da atitude tomada pelo seu filho. Quanto à Finlândia conheço muito de perto o funcionamento das escolas e terei que dizer: " Ok, Sra Ministra! Eu quero trabalhar como na Finlândia, estou mais horas na escola, sim senhor, mas ganho o dobro, tenho gabinetes para preparar o meu trabalho e todos os alunos estão na escola porque querem aprender, lá não há indisciplina! Saberá a Sra Ministra, por que motivo? Eu cá sei! É que na Finlândia os professores ajudam os alunos a adquirirem conhecimentos, são meros ajudantes e os alunos, esses, são responsáveis pela sua aprendizagem. A sociedade finlandesa, não procura os subsídios como forma de vida, e as famílias têm objectivos e acreditam no futuro. E aqui, Sra Ministra, alguém acredita num futuro à medida dos seus sonhos? Alguém acredita no impossível?"
Teria muito que dizer pois, este assunto não tem fim.
E que me dizem dos APA - Apoio Pedagógico Acrescido? Dantes eram tempos lectivos hoje são não - lectivos, por que motivo? Mão de obra barata? Pois claro! Fomos despromovidos a todos os níveis, e por que razão não reagimos? Para esta pergunta não encontro resposta. Parece-me que a única resposta é esta: nem os sindicatos, nem os professores encontraram argumentos válidos para se manifestarem, talvez, o medo provocado pela intolerância dos actuais governantes nos tenha tolhido, o que é lamentável. Haveria talvez necessidade de menos sindicatos e maior unidade de todos os nós. Não aceitarmos o que nos estão a impôr como um rebanho amedrontado, tomarmos medidas, resistirmos de forma passiva, como se fez numa escola da região, na passada terça - feira, em que os professores se apresentaram vestidos de preto, como forma de luto e luta.
São tantas as coisas e as Aulas de Substituição? Digam-me o que pensam do assunto.
Por favor, companheiras e companheiros de profissão, unamo-nos em defesa dos nossos interesses. É urgente! É imperioso!

Dia do Professor

Hoje é dia de comemoração, vem mesmo a calhar, pois ainda ontem festejámos o dia do animal. Houve mesmo quem afirmasse que era também o dia do professor. Penso que a sugestão deve ter partido do nosso magnífico, fabuloso, encantador, delicioso, super humano, primeiro.
Falando seriamente a situação está muito má. Sou professora por vocação, não sei fazer mais nada. Lecciono há 32 anos e nunca senti tanta revolta, raiva e indignação. Lembro-me que em miuda o padre, o médico e o professor tinha respeito social, o que não acontece actualmente. Somos, um pouco mais ou menos, tratados como a escória da sociedade, somos acusados do fracasso dos nossos alunos, considerados preguiçosos, faltosos, enfim a escória da sociedade. Vai daí, resolveram trocar as regras do jogo, decidiram que tinhamos que permanecer mais horas na escola, equipararam-nos aos funcionários públicos, e determinaram que nós passariamos todos a ser animadores culturais, educadores de infância de crianças, jovens e adolescentes. Não nos perguntaram nada, não se preocuparam se haveria ou não condições para tais mudanças, apenas determinaram. Eu não consigo entender o que se passa. Nada voltará a ser como dantes, nunca mais as escolas serão um local acgardável para onde iamos com alegria, com motivação e onde ficavamos muitas horas a organizar eventos a trabalhar na realização de projectos, dedicando-nos de alma e coração, tantas vezes, com prejuízo quer para as nossas famílias, quer do ponto de vista económico. Mas adiante isso, certamente, nunca foi contabilizado por ninguém.
Verifiquei que a sociedade aplaudiu estas medidas, ouvi num forum da TSF que estas medidas já deviam ter sido incrementadas há mais tempo. Ouvi, com espanto e tristeza, pais a dizerem que as escolas já deviam ter iniciado a sua actvidade a 1 de Setembro e que as aulas só deveria terminar pelas 7 horas da noite, altura em que se sai dos empregos, e assim já podiam ir buscar os filhos. Bom, eu tenho mesmo que dizer o que tenho entalado na garganta: e se trabalharem por turnos? Que tal nós irmos para a escola durante a noite tomar conta das crianças? Afinal de contas está tudo errado! ERRADO!!!! Estou convicta que o insucesso escolar se deve essencialmente à enorme falta de atenção e carinho com que crescem os nossos alunos e à absoluta falta de regras e responsabilização no processo de aprendizagem dos nossos alunos e seus pais. Ninguém percebe que nós somos apenas um meio, os agentes, que o mais importante é realmente o interesse, apoio e empenhamento dos alunos motivados familiarmente. A escola não faz milagres, não nos compete tomar conta de crianças, compete-nos, isso sim, ajudá-las a crescer de forma saudável e abrir-lhes os camilnhos, transmitindo-lhes as ferramentas necessárias para a sua evolução.
Contudo nós somos responsabilizados por todos os desastres e ainda comparados com o incomparável.
Há alguns anos fiz um projecto em parceria coma Filândia e a Noruega. Tive a oportunidade de ver como funcionavam as escolas naqueles paises e também quanto ganhava cada professor, que tempo dedicava à escola e como eram os alunos. De facto são alunos motivados e professores alegres e bem dispostos. As aulas decorrem somente de manhã, o mais tardar até às duas da tarde. Não há refeições nas escolas e os funcionários quase não existem. Os ordenados são quase o dobro dos nossos e as condições das escolas em nada são semelhantes às nossas. A vida a estrutura social e económica é bem diferente da nossa e por isso não entendo por que razão se tenta fazer a compartação. Quanto a mim acharia excelente que me dessem as condições de trabalho que os filandeses, suecos e noruegueses têm. Eu iria aplaudir. E claro o mesmo ordenado que eles têm.
Bom mas eu quero desabafar o meu desalento, quero dizer que me sinto violentada, pisada, é como se me tivessem usurpado uma parte de mim. Sinto-me triste e infeliz, desmotivada e cansada, e só agora iniciamos o ano.
Não consigo engolir as aulas de Apoio Pedagógico Acrescido como tempos não lectivos, não aceito as aulas de substituição, pelo menos neste moldes. O desalento e o cansaço é visível nos rostos dos meus colegas, pergunto-me como estamos a dar as nossas aulas da tarde depois de uma manhã inteira na escola. Quem não é professor, e embora se diga que a Sra Ministra é professora, pois... universitária e aí, a Sra não mexeu, porque não convinha, não entende o cansaço que representa tantas horas com os alunos. Por que motivo durante mais de cem anos os professores tiveram redução da componente lectiva à medida que os anos passavam? Devia ser porque este trabalho tem custos elevados para os trabalhadores, desgaste a nível do sistema nervoso, entre outros, mas agora decidiram: os professores vão para a escola e ficam por lá o dobro o tempo que estavam nop ano anteriro. Para mim ultrapassa o dobro. Se eu visse que havia vantagens para os alunos eu aceitaria, mas infelizmente nem isso

terça-feira, outubro 04, 2005

Dia Mundial dos Animais

Prezo acima de tudo o valor da vida, seja ela, humana, animal ou até vegetal.
Não há muito tempo quase deixei de comer carne, porque passei por uma casa onde se procedia à matança do porco, espectáculo muito popular e que junta tanta gente, mas que me provoca verdadeiros arrepios e desespero. Não consigo entender o prazer que pode dar ver o animal ali a grunhir, amarrado a esvair-se em sangue.
Enquanto me passeava por terras francesas, passei por uma região onde a publicidade ao " foie gras" era imensa, e onde havia muitas quintas com patos e gansos. Quis então saber como era feita a tal pasta, tão apreciada e fiquei simplesmente horrorizada. Os infelizes dos patos nascem apenas para esse fim e desde que nascem que lhes é misturado na comida bagaço, por forma a que o fígado fique cirrótico e assim aumente de volume. Quando está no ponto mata-se o pato e retira-se-lhe o fígado a que se misturam determinados ingredientes, como por exemplo vinho e faz-se o famoso " foie gras". Fico com vómitos e até raiva só de saber isto. É bem verdade que nós precisamos de nos alimentar, também é necessário criar os animais para depois nos servirem de alimento, mas será que é necessário, provocar-lhes doenças só porque alguém um dia descobriu que era bom ao paladar essa pasta? Valha-nos Deus!
As vacas loucas foi mais uma invenção do homem sem escrúpulos só que desta feita a coisa correu mal. Passei pela Holanda onde as temperaturas eram de 2ºC e vi muitas vaquinhas a pastarem. Apercebi-me que elas deveriam ter frio, porque a forma como se defendiam, chamou-me, particularmente a atenção, elas procediam, exactamente, da mesma maneira que os judeus nos campos de concentração nazis. Lembrei-me de uma entrevista, que vi na televisão, onde um judeu explicava: " ... não aguentando com o frio deitavamo-nos, uns por cima dos outros, de forma a que o calor dos nossos corpos não se perdesse ......". Percebo agora o ar triste e desalentado das vacas que pastam por esse mundo afora, mas, mesmo assim, têm mais sorte do que as que estão guardadas em estábulos sem se poderem mexer, a quem cortam os cornos para que caibam no espaço que lhes foi destinado. Essas nem vêm a conhecer o sabor nem o cheiro ou a cor dum prado.
A juntar a tudo isto, temos aí a caça. Abriu e todos os caçadores partiram na busca de perdizes, lebres ou coelhos, o importante é trazer, nas traseiras dos seus automóveis ou jipes, os troféus pendurados e os atrelados com os cães bem estafados. Não gosto da caça como é óbvio, mas até a aceito, desde que dentro de regras e limites razoáveis. Sei que nalgumas regiões do país se tem praticado uma caça tremenda, ao javali. Põem dezenas de cães a perseguir o animal e claro ele não tem qualquer hipótese de defesa. Essa eu acho abominável. Mas o que é mais deplorável é a atitude de certos " senhores caçadores " que simplesmente levam cães, que abandonam, porque já estão velhos e deixam-nos entregues à sua sorte. Quem vai a esses locais e os encontra tristes e escanzelados que tiveram antes um abrigo e comida e que agora aguardam a morte, mas que revelam muito mais dignidade do que aqueles que os abandonaram.
Na entrada do novo milénio é assim que os animais são tratados, é assim que vive o homem, sem escrúpulos nem sentimentos, que quer, acima de tudo, ganhar dinheiro, ainda que seja um dinheiro sujo, e em nome da competitividade e da economia fazem-se as maiores barbaridades.
Numa escola onde trabalhei três anos tive um aluno cuja maior diversão era apanhar passarinhos, fechá-los numa gaiola e esperar pacientemente que eles morressem à fome e à sede. Quando soube de tal coisa pedi ao psicólogo que interviesse junto do jovem, mas receio que a raiz do problema seja bem mais profunda e que quando chegar à vida adulta este futuro homem seja capaz de matar em nome de uma simples diferença de opinião.
Não posso falar de animais sem deixar um testemunho muito carinhoso e ternurento por um cão que pertenceu a um dos meus filhos - o Bock. O Bock era um cão vadio, um puro rafeiro, mas capaz de conquistar o coração mais empedernido do mundo. Era inteligente, carinhoso, brincalhão e encontrava sempre uma forma de fazer aquilo que desejava. Nunca negou as suas origens, por isso, mal a noite caía, ele começava numa choradeira tal, a enlear-se nos nossos pés, de tal forma que, enquanto não lhe fizéssemos o que desejava ninguém o podia aturar. Gostava de ir para a sala e de ficar ali, por vezes eu não queria e mandava-o para a cozinha, mas o safado deitava-se, de barriga para o ar, e só de rastos o conseguíamos tirar da sala.
Um dia o meu filho pôs-se a ensinar o Gorby, um dálmata, a obedecer a ordens. Não era nada com o Bock, mas este seguia atentamente a lição, todo esticadinho no chão. Quando percebeu que se o outro obedecesse às ordens seria recompensado com uma bolacha, não pensou duas vezes, vá de se pôr à frente do outro a sentar-se, a dar a patinha, a deitar-se, coisa que pelos vistos era bem complicada para o Gorby, cão de raça e famoso pela sua inteligência. O Bock sempre soube quem era o seu dono, por isso, quando ele partiu, fiel e pontualmente, todas as sextas - feiras, durante mais de uma ano, ia para a porta esperar o seu dono. Quando anoitecia, chorava e ia deitar-se no seu cantinho. Querem melhor exemplo do que um animal pode fazer e sentir pelo dono? Para mim não é preciso mais.
Para finalizar e porque se trata de um texto sobre animais, não posso terminar sem dizer um grande OBRIGADA PAI pois tu ensinaste-me as estrelas, a poesia e foste um exemplo do respeito pela vida e pelo amor aos animais. Nunca poderei esquecer quando me punhas ovelhinhas bebés no meu colo. O seu cheiro e a sua maciez perduram para além do tempo na minha mente e no meu coração.