Tudo isto é Fado

terça-feira, outubro 21, 2008

Ser Professora neste país

Desde muito cedo que me dediquei ao ensino. E juro, juro mesmo, que gostava de ensinar, de ir até à escola, de ficar por lá a preparar projectos e a desenvolver ideias que, por vezes, me surgiam.
Desempenhar as minhas funções docentes era um prazer, que não voltei a ter.
Hoje sinto-me humilhada, maltratada, sem vontade ou motivação para fazer nada. Nada é exactamente igual ao que sinto em relação à minha profossão. E esse nada tem um preço muito elevado, se tivermos em conta que aquilo que melhor sei fazer é mesmo ensinar.
Estou disposta a reformar-me, a ir embora sem glória e sem ventura, porque é assim que actualmente se agradesse a quem doou uma vida a este ministério.
Já pensei em muitas alternativas e nenhuma me agrada, mas não consigo continuar a ter um emprego cuja política de fundo vai contra a moral porque me regi toda a vida.
Estou a ser avaliada em 3 locais diferentes, com esquemas completamente diferentes. O da escola é de todos o mais injusto, basta ser avaliada pelos meus pares, a quem não reconheço superioridade profissional e social para desempenhar tais funções.
No fundo sinto que está tudo cozinhado aqui na escola onde trabalho e sinto-o de forma intensa o que me leva ao desânimo em que me encontro.
Vou embora graças a toda uma estrutura que vê apenas números se tornou desumana e incapaz de ver para além daquilo que lhe impõem.
Vou embora, não é este o país que ajudei a construir para os meus filhos e os meus netos.
Vou embora, quem sabe num outro país me sinta mais à vontade para viver o tempo que me resta.